Valsa Brasileira
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 | Opine aqui
Dias depois ainda me encontrava lá, no mesmo quarto de hotel, na mesma cidade. Dias depois ainda estava parado pela falta de fé, dias depois fiquei, dias depois senti, dias depois perdi.
Perdi a fé, o amor, o pudor, a mocidade, a felicidade, alegria. Não cabiam mais sorrisos mais em meu rosto, não cabia mais nada no meu rosto. Minha expressão era de nada, enfim, lá no nada parado é que eu estava mesmo. Eu estava lá como estive em toda a minha vida, parado, assim, sem passado ou futuro. Sem a fé.
Eu não tinha mais desejos, ou nojos, eu tinha agora era um constante vazio ao meu lado prostrado, ele é que fazia meus dias, minhas noites, meu nada. O meu vazio fazia meu nada.
A fé que perdi foi na vida, na descrença do crente, no amor, nela. Eu derrotado estava lá naquele quarto de hotel, eu detonado estava aguentando isso tudo, eu corno estava só no quarto de hotel, enquanto ela saia com outro, enquanto ela dormia nos braços de outro e eu, eu o sem nome, o vazio, eu estava lá. Ela saia com um Jorge Maravilha enquanto eu sofria, sorvia as dores do amor. O desamor era terrível.
Sentir as entranhas  se esplodindo dentro de você é horrivel, sentir ela sair pela porta que bate é terrível. Sentir é terrível. Por isso não sinto mais.
Só sinto as agulha de vitrola tocando a "Valsa Brasileira".

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"Onde queres o ato, eu sou o espírito e onde queres ternura, eu sou tesão. Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo, sou mulher. Onde queres prazer, sou o que dói e onde queres tortura, mansidão. Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido, sou herói" Caetano

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Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."