In the Sky With Diamonds
sábado, 26 de março de 2011 | Opine aqui
Olha, antes de eu ter ido embora dessa cidade triste e sem oportunidade eu queria ter sentado em algum café contigo, ter olhado nos teus olhos e ter sentido aquela mesma coisa que eu sentia tempos atrás, quando nos conhecemos. Meu único problema era o tempo.
Eu não tinha tempo para me apaixonar novamente, foi tudo tão corrido, tão sem explicação, que nem tive tempo de te dizer adeus, quem diria olhar nos teus olhos e rever o que eu via antes.
Só dá tempo de sentir falta. E como eu sinto. Sinto falta de café e cigarros, das vodkas que dividimos, das festas que fizemos, mesmo não te amando mais. Eu sinto falta.
Sinto falta de como tu gostava da minha barba mal feita, como deitava no meu peito quando estávamos bêbados e discutia coisas profundas brincando com meus pêlos. Sinto falta de tua profundidade, dos livros-filmes-discos que lemos-vimos-ouvimos juntos.
E essas saudade me bate nas horas mais estranhas: quando um novo amigo cita um autor favorito teu, ou quando falam do teu filme preferido, lembra como tu gostava de Manhattan do Woody Allen? e isso me faz relembrar dos momentos. E faz com que eu me arrependa.
Faz com que eu me arrependa de não ter te encontrado em um café e ter olhado fundo nos teus olhos - talvez um último beijo. Faz com que eu me arrependa de não ter tido tempo de me apaixonar novamente e de não ter me despedido direito.
Mas agora eu já estou aqui, já parti, já sinto saudade, já me arrependo de tudo que não fiz.
"E eu, agora, também estou no céu com os diamantes".


Peças de museu nossas emoções, todas as emoções.
quinta-feira, 10 de março de 2011 | Opine aqui
Dizem que quem vive de passado é museu, mas quem disse que eu não quero ser um museu? Se sentir, se pensar em ti, se lembrar de nós como se fosse ontem é peça de museu, eu quero sim, ser museu. Ter todas aquelas memórias linda que não podem ser tocadas por ninguém e que podem ser vistas todo o tempo. Quero ser museu pra poder ter vivido, pra saber que de tudo fica pelo menos um pouco: um caco de vidro, um pedaço de amor, sempre ficam perdidos pedaços de passado no presente insano que se apresente em uma fração de segundo e no instante seguinte já não é nada. Quero ter lembranças de quando não era assim, quero poder vê-las e revê-las sempre que possível. Quero ser museu. Quero ser também lembrança no museu de alguém, quero ser caco de vidro, quero ser pedaço de coração, quero ser. Ficar perdido entre tantas lembranças inúteis, mas estando ali, estando em todo momento junto à ti, em todo futuro sendo um pretérito presente. Quero ser futuro do pretérito. E quero além, quero transitar emoções sem vergonha, sem medo de tornar meu presente, peça de museu. Meu museu precisa de peças novas. E enquanto estiver aqui, trancado no quarto, bebendo whisky, ouvindo fossa e escrevendo textos metafóricos, nada será peça de museu. Os dias passarão de presente isentos à passados esquecidos, que constituirão o que nunca fui e o que eu sou. Serão como as lembranças de infância, que nunca são lembradas, mas são o que somos hoje, são nossas peças de museu não expostas, esquecidas na poeira que se acumula no porão. Meu presente será assim, peça de museu no porão, esquecido, deixado de lado. E ainda, depois de tudo isso, quero poder sentir de novo, que eu já não sinto nada. "Peças de museu nossas emoções, todas as emoções".
Quero ser teu futuro do pretérito.
Quero ser teu museu.


Seja o que for

"Onde queres o ato, eu sou o espírito e onde queres ternura, eu sou tesão. Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo, sou mulher. Onde queres prazer, sou o que dói e onde queres tortura, mansidão. Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido, sou herói" Caetano

O blog

Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".

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Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."