O mel é mais doce que o sangue
sexta-feira, 30 de março de 2012 |
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"Love will tear us apart, again"
Joy Division
O ensurdecedor silêncio retumba nos meus ouvidos relembrando cada momento, cada dor, cada palavra que deveria lembrar, mas não lembro. Ah, vida, como na quadrilha de emoções de Drummond: Carlos amava Dora que amava Juca que amava Déia que amava Lia que amava Paulo que amava Lucas que amava toda a quadrilha.
Hello darkness my old friend, repito bem alto para que as quatro paredes me escutem e me repitam e me retumbem e me ressoem para sempre, cortando o silêncio que nem mais é externo, vara a alma para frente, para além, para sempre, como se parte de mim estivesse nesses olhares vagos e nessas reflexões longas sobre te amar ou não. Ah, estúpido eu, acreditar em qualquer coisa que se desenrola à beira do abismo sem saber que mais cedo ou mais tarde sempre se cai, infinitamente se cai e se acredita que por um momento a queda longa seja voo. Não é.
Derramo lágrimas para ti sobre a máquina de escrever acreditando que isso vai mudar alguma coisa e retroceder o tempo e fazer que o tudo que foi perdido volte ao seu lugar. Não voltará. Não adianda agora chorar gritando que eu te amo, ouvir músicdas do Chico Buarque e fumar um longo cigarro repetindo palavra por palavra a canção, não adianta gritar para quebrar o silêncio que vai longo, não adianta nada além do conformismo. Conformar-me que partiu, que não volta, que nunca vai acontecer, que nunca vai me amar, porque a vida é assim e eu sou mesmo um idiota. E eu sou mesmo um sozinho. E eu sou mesmo um filho do silêncio.
Cravo as palavras no papel, sem sentido. Frase sucedendo frase como se importasse, como se fizesse diferença que eu diga coisas como te amo te amo te amo ou quero colo, quero você do meu lado abraçado agarrado preso em mim como se nada importasse e não houvesse amanhã e nada fosse errado e a vida fosse perfeita. Não adianta dizer isso apesar dos pesares, apesar de querer, apesar de te querer. Não adianta.
Perdi as esperanças ao ver teu rosto, tua boca, repetindo o que não sai da minha cabeça agora: "amanhã a gente se fala". Como se eu tivesse acabado de falar do tempo ou da crise na Europa. Amanhã a gente se fala. Amanhã amanhã amanhã que não chega, nunca chegará.
Coração partido e ilusão perdida, me resta o que agora? A esperança também já foi embora há muito tempo e a vida é curta. Vou por anúncio no jornal: procuro amor que goste de Caio F. Procuro amor que goste de amor. Procuro amor que me faça esquecer. Procuro amor que não fira fundo, não machuque, não minta. Procuro amor que não seja você.
Seja o que for
"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."