Qualquer coisa
domingo, 28 de abril de 2013 |
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"Esse papo já tá qualquer coisa,
você já tá pra lá de Marrakesh."
Caetano Veloso
noite
céu azul-marinho
no chão da grande
cidade grande
uma mancha cor de sangue
bordô
como qualquer vinho barato
que nós tenhamos provado
tempos atrás
e na mancha
um grito perdido
um grito ao longe
que parece pedir ajuda(?)
não sei
um grito que reflete
a mancha que reflete a lua
que ainda vai varar a madrugada
que eu bêbado esquecerei
ou condensarei
num momento vazio
ao lado de tudo
na casa grande
nas pessoas difusas
nas drogas várias
no som tão alto
um momento que não represente
nada
além de uma noite qualquer
entre junho e agosto
quando é mais frio
e a gente neva por dentro
e para na rua
para ver manchas de sangue
e grito longínquos
e para misturar a estas manchas
vômito e mijo
(um pouco do nosso caos interior)
um pouco de tudo
para diluir
e entre vômito
mijo
e sangue
fazê-las parecerem conosco
tão repulsivas
por serem tão cheias de
hu-ma-ni-da-de
Seja o que for
"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."