It's the end of the world as we know it
sábado, 29 de outubro de 2011 |
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"It's the end of the world as we know it
And I feel fine"
R.E.M.
Ainda que as palavras não me venham eloquentes como antigamente, continuarei a lutar para que eu consiga escrever qualquer coisa bonita que te agrade, qualquer derradeiro adeus com poesia, qualquer coisa que acalente a tua noite fria de solidão da partida. Ainda que tudo venha a desmoronar e seja o fim do mundo como conhecemos, eu ainda buscarei qualquer sentido nisso tudo por meio dos tantos e tantos textos que não levam a mim e nem a ninguém a lugar algum. Ainda enlouquecerei os vizinhos com o barulho insano da máquina de escrever datilografando pela madrugada, da música, música incessante para os ouvidos mal-acostumados com o silêncio. Levarei também a velha de cima à loucura com o cheiro dos constantes baseados que ainda e todos os dias me ajudam a sorrir, mesmo que não haja nada pelo que, e só sorrir. Rivotril já não me adianta, fumo fumo fumo na esperança de que algo mude, com esta dor de quem já partiu e não pode voltar, choro. Depois de tantas drogas eu choro, porque não há mais o que fazer, porque não há mais nenhum suicídio a ser cometido, porque tenho medo. Você tá me acompanhando? Não me restou nada além dessas ideias esparsas que não parecem se unir para formar alguma coisa bonita que você entenderia e que serviria como uma bela carta de despedida dizendo que já acabou há muito tempo, que não há mais tesão: nem de mim por ti, nem de mim por esse mundo, que quero pular fora dele, que a droga me consumiu, que agora mesmo, 4h da tarde, to fumando um baseado e bebendo whisky sozinho no apartamento. Quer dizer, não to normal, não quero mais, não entendo. To perdido, to sentindo falta do que nem aconteceu só pelo prazer desse sentimento, de algo que machuca, estou me destruindo aos poucos e parte dessa destruição é te deixar, dizer adeus a tudo que ainda me conecta com o mundo do jeito que eu conheço, memórias de uma pessoa que quer morrer, nada mais, desilusão em forma de prosa, drogas em forma de poesia, bebida. Coração dilacerado, sangrando no meio da noite por tua culpa, por minha culpa, pela culpa de todos nós, que seguimos nos destruindo e morrendo, morrendo cada vez mais, dia após dia, de cirroses hepáticas e overdoses que já nem importam a ninguém. Quero me esquecer, quero. Vai embora que eu vou também. Esqueço. Depois de tanto tempo, depois de tudo isso: esqueço. Não quero saber, não quero existir. Não existo além das cinzas desse baseado e do gelo derretido misturado nesse whisky. Não existo e descubro que é bom.
Seja o que for
"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."