Foi Por Medo de Avião
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008 |
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Belchior tocava num som distante na sala, cantava empregando toda sua voz, toda seu repique nas letras, eu estava lá sentado, vagamante pensava, pensava em como é vago o mundo, como não temos nada a perder se abrirmos uma porta e nos atirarmos do 5º andar.
Pelo menos eu não teria nada a perder, não, não teria, pois já perdido tudo tinha, e tinha perdido a coisa mais preciosa, eu tinha perdido um coração.
Meu coração era frágil e flácido, e ele se perdeu, na verdade quando a perdi, quando a conheci talvez, perdi ele para ela, num avião, numa classe normal, turbulências, e um aperto de mãos, uma vontade louca de senti-la perto, seu cheiro de flores, leve como a brisa que paira no ar, leve como só ela poderia ser.
Ela me levava, eu ia as alturas e não tinha medo de avião algum, pois estava aqui, aqui e lá. Lá junto com ela, nas alturas, no trampolim do sem-fim, além das magnólias e estavamos juntos, mas findou.
Ela findou, num recado, uma xícara de café, ruídos surdos, uma fugitiva na noite. E uma foto já gasta de um beijo roubado. E de um aperto de mão.
No rádio Belchior continuava a cantar:
"Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez a tua mão"
Marcadores: contos
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"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."