Sussurro
terça-feira, 24 de maio de 2011 | Opine aqui
"Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem"
Vinicius de Moraes

Mais alto agora te sinto em meus ouvidos um tanto quanto secos, cansados de não ouvir nada tão bonito, tão perto, em tanto tempo. Sussurras coisas que parecem desconexas como venhas comigo e eu te amo perdidos em meio à tantas palavras.
Eu te poderia reinventar em cada pequeno movimento deste dia e dos anteriores e outros tantos. Eu te poderia ouvir bem perto. Eu te poderia sentir. Mas nada faço - o som das desconexas palavras que sussurras contra meus ouvidos secos amargos antigos - em meu pensamento. Sou nada, sou nada perto da tua voz ofegante em momento de ternura. Sou nada mais que ouvido rascante seco perdido. Sou nada mais que pensamento.
E te penso. Somos um só. E me pensas.
Tanto amor transborda as veias e extravasa os vasos linfáticos saindo para fora de nós em luz, brilho ou qualquer coisa. Tanto amor que é impossível. Abstrato. Sinto. Sentimos.
Continuas os sussurros: amor, venha comigo, te amo tanto tanto. Qualquer coisa que me faça feliz, que minta extidão, realidade. E finges. E acredito. E não finges também. Ainda, em alguma parte alguma, acredito tanto em ti, acredito em teu amor impossível. Nosso. E somos felizes. Eu que por tanto tempo - quanto tempo! - fui triste. Não sou mais. Rio. Sinto sussurros contra meu ouvido seco de ilusões perdidas contra minha mente de amores e pensamentos.
Te sinto em meu rosto, contra meu rosto, beijando minhas faces - agora rosadas - beijando meus lábios. Te sinto em meus braços. Te sinto.
Sussurro após sussurro vamos desparecendo em nós mesmos, infinitos. Transborando amor e frases-feitas: te amo te amo te amo. Nos derramamos em amor. Nos derramamos em luz. O amor brilha.
Sentimos quietos, lânguidos, límpidos.
Em amor - meu amor- sumimos. Com a intensidade de um sussurro.


Seja o que for

"Onde queres o ato, eu sou o espírito e onde queres ternura, eu sou tesão. Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo, sou mulher. Onde queres prazer, sou o que dói e onde queres tortura, mansidão. Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido, sou herói" Caetano

O blog

Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".

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Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."