Amor em Silêncio
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 |
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"E assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres e me utilizas todos os dias, e nos usamos honestamente assim”
Caio F.
E começar o que é, de que jeito? Fico pensando em todas estas coisas que aconteceram nos últimos tempos e quero, quero mesmo pô-las no papel - escrever meio que as tira do caos - mas não consigo ver um começo para tudo isto. Começou assim, de súbito, como algo que se acendeu (ou se apagou) dentro de mim, sem começo.
Começo então pela mais verdade de todas: estou amando. Mais do que sendo, porque ser, existir, é ordinário. Agora, amar é extraordinário, é fora de mim, amar faz parte de mim mas ao mesmo tempo não depende de mim. Posso amar de qualquer, à qualquer momento e deixar de amar também.
Mas o fato é que estou amando, é tão difícil entender este meu amor sem começo, este amor de súbito, tão complicado ouvi-lo dentro de mim, é um amor silencioso, não como os outros amores que tive, este é um amor quieto, amor mudo, amo sem gritos ou exaltações, só escuto. Mas é difícil de ouvir este amor silencioso, quer dizer, sei que estou amando porque em algum momento eu pude ouvir este amor soando no meu peito fatigado, por baixo dos pêlos, por baixo da pele, dos músculos e dos ossos, lá bem dentro do peito o ouvi soar baixinho ao ver a mulher amada. Aí eu soube amar.
Quero dizer que por enquanto estou tranqüilo, por enquanto eu não preciso de grande atos , de grandes retribuições, por enquanto só preciso vê-la enquanto anda por aí, porque isto faz meu amor soar, e o soar do amor é a unica coisa da qual eu sinto falta naquele meu amor estardalhaço, o bater, o pulsar: disritmia, boca seca, olhar perdido, mente ensandecida, sexo em brasa, tudo confabulando para que ela me perceba, mas nunca me vê eu fico ali, parado, sem ação alguma, sendo imperador do silêncio, fingindo não sentir.
E agora, neste silêncio infernal que perdura dentro da noite penso nela, sem estardalhaço, sem disritmia, em silêncio, penso no amo e sei, se que tudo ficará bem no final, como sempre ficou nos meus outros finais, até que eu encontrasse um novo amor, aí é caótico novamente, sem chances de ser normal, mas este, este amor parece ter futuro, parece que vai dar em algo, não sei sé o silêncio ou ela, mas algo me diz que desta vez sim.
Sei que estes grandes escritores como Caio F. e Clarice diriam que eu estou tendo muitas esperanças para algo que nem começo, pra ser sincero, até eu diria isto, mas para o inferno com isto, eu quero mais é amar e ser amado, passar muitos dias ao lado dela sem precisar dizer nada, ou dizendo tudo, sabendo tudo e só amando, em silêncio.
Por isso crio estas esperanças, pela certeza de um futuro bonito se isto acontecer. poderia ser tão lindo.
Por fim fecho os olhos e sei que sonharei com ela, como todo apaixonado sonha com seu amor, porque é natural querer estar perto, sempre. Mas este sonho poderia ser como um aqueles filmes bem antigos, que nós íamos ver de vez em quando, sim, um daqueles filmes do Chaplin ou "Le Voyage Dans La Lune" em que não há falas, só o silêncio, eu e ela, e nada mais, poderia ser assim.
Finalmente, sonho.
Ela parece linda em branco e preto.
Seja o que for
"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."