O resto é silêncio
sexta-feira, 13 de agosto de 2010 |
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"Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor..."
Ando pelas ruas da cidade, na verdade, quase corro, tenho medo que a chuva comece antes que eu chegue na tua casa, daí eu vou chegar todo molhado e tu vais querer me secar e eu vou acabar perdendo a coragem que demorei este tempo todo para juntar. Por isso vou quase correndo, porque quero dizer tantas coisas, algumas sem sentido algum mas que são quase impossíveis de não serem ditas depois que eu abrir a boca.
Paro num bar qualquer no caminho e compro uma vodka, pro momento em que eu tiver que dizer tudo: quero depois poder dizer que "a minha vida sempre brinca comigo, de porre em porre vai me desmentindo".
Só liguei pra tua casa antes dizendo que ia aí, que era urgente, que não dava pra falar por telefone, desliguei e saí quase correndo.
Agora ainda estou quase correndo, fugindo dessa chuva iminente para chegar ao portão de ferro no meio do muro branco, garrafa de vodka na mão. Mas não falta muito, agora já consigo ver lá adiante uma ponta do telhado, meu coração começa a bater mais rápido a cada passo dado em direção àquela casa.
Agora aquela coragem que parecia te a força de mil cavalos se reduz à força de um exército de um homem só, um homem só e amedrontado. Sem nem querer saber abro a vodka ali mesmo, no meio da rua, paro e tomo um gole que leva embora um quarto de líquido contido na garrafa, aquilo desce rasgando e eu sinto como se a minha coragem tivesse se revigorado nesse gole.
Cada vez mais e mais perto, tenho medo ainda, o álcool não expurgou toda aquela angústia, ainda posso sentir em algum lugar indistinto meu coração palpitando sem parara, batendo mais que um bongô.
Quase lá agora, aquela angústia volta a tomar conta de mim, será que eu, o covarde, serei capaz de dizer todo o necessário?
Paro na frente do portão de ferro e tomo outro gole de vodka, pura. Abro o portão, toco a campainha.
Seja o que for
"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."