Vazio
sexta-feira, 7 de maio de 2010 | Opine aqui

"Cria a dor
Cria e atura"

MOMENTO 1

Ela, eu, panorama, vida. Olhos arregalados, bocas vermelhas, gritos, gemidos, sexo. Cheiro de suor misturado ao cheiro de banho. Sabonete, shampoo, creme de barbear, lâmina. Café, jornal, roupa de trabalho, despedida, vazio, vazio.

MOMENTO 2

Almoço: panquecas, arroz, salada, mesa, frente à frente os dois. Olhos nos olhos. Vazio. Conversas, como foi seu dia?, bom e o seu?. Descanso, televisão, olhos nos olhos, quarto cama, bocas vermelhas, gritos, gemidos, sexo. Suor misturado à lavanda. Banho. Vazio. Despedida, vazio, trabalho, vazio, vazio.

MOMENTO 3

Casa, janta, mesa, comida, vazio. Olhos nos olhos, vazio, conversas vazio, algo mudou, não sei, você sabe. Vazio.
Sala, poltrona, eu, sofá, ela, silêncio. Vazio. Nada a dizer, a dor parece uma antiga companheira que bate à porta, o sonho acabou e não há nada que possamos fazer sobre isso. Só essa certeza da saudade. Vazio. As memórias: bocas vermelhas, gritos, gemidos, sexo. Vazio. Suor e lavanda. vazio. Banho. Vazio vazio vazio.
Nada nos olhos verdes, nada nas mãos, nada na mesa. VAZIO.
Despedida, vazio.

MOMENTO 4

Volta do trabalho, vazio, casa vazia, a rmário vazio, bilhete: Nada nunca foi tão grande e tão pequeno. VAZIO. Dor.
Separação, dor vazio, sem ela, nem ninguém. vazio
Dor dor dor.
Vazio.

MOMENTO 5

Vazio, vazio, vazio, vazio, vazio, vazio...


Seja o que for

"Onde queres o ato, eu sou o espírito e onde queres ternura, eu sou tesão. Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo, sou mulher. Onde queres prazer, sou o que dói e onde queres tortura, mansidão. Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido, sou herói" Caetano

O blog

Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".

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Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."