As mãos
terça-feira, 19 de maio de 2009 | Opine aqui
As mãos pálidas e úmidas tremiam de frio, na cozinha afasta da casa ela olhava a vida passar vagarosamente, os cabelos brancos, o peso da idade. As veias que na juventude pareciam tímidos riscos azuis em suas mãos, hoje pareciam mais cordas esntrelaçadas e trançadas pelo trabalho de uma vida.
O café que antes fazia com perfeição agora passava do ponto e parecia ranso. O rouge e o pó de arroz nem usava mais. O marido morto lhe parecia um embargo. Não tinha mais com quem contar, nem com os filho, que esse ne olhavam mais pasa a cara dela depois que o pai morreu.
Os netinhos que costumavam ir lá quando crianças andavam sumidos e vez por outra apareciam para trazer seu filhos , estes também já crescidos e algunso até com seus próprios filhos. E ao ver o quão felizes erem se sentia só, naquela casa que fora de sua mãe e seu pai, o próprio a construíra em 1906, havia isso escrito num grande letreiro na frente da residência. A cama de casal também fora de suas pais e rangia quando seu corpinho pequeno e frégil deitava sobre ela. Os véus da amargura lhe cobriam. Esra triste vê-la sofrer. Já não tomava banho todos os dias, era difícil e ajuda não tinha.
E todos aqueles sonhos datados de 1907 se perderam pelo casarão antigo.Todos os gritos de pavor, gemidos e risos se perderam pelo tempo, nada disso tinha mais. Só tinha as mãos pálidas e úmidas.


Seja o que for

"Onde queres o ato, eu sou o espírito e onde queres ternura, eu sou tesão. Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo, sou mulher. Onde queres prazer, sou o que dói e onde queres tortura, mansidão. Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido, sou herói" Caetano

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Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".

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Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."