Roda viva
quarta-feira, 4 de março de 2009 | Opine aqui
Era uma vez velha, enrugada como um marcujá, estava cansada de tudo, estava cansada da vida. Não podia mais, nunca mais. Agora não mais.
Era como se tudo que tivesse para viver já tivesse vivido, como se ela, cansada, não merecesse mais viver, por ociosidade. por não ter nada a fazer.
Era como não viver, e não viver é chato, é longo, canstivo. Não viver é ruim. Mas morrer é melhor, morrer é lindo, morrer é o céu, literalmente. Assim pensava ela, que nada fazia além de praprar a própria comida, ler infindáveis livros que adiara na juventude e nunca sair de casa. Ficar lá dentro, sempre, sempre, morrendo lentamente, vivendo lentamente.
Os contos que escrevia falavam sobre o nada, o vazio, o diário, parara de escrever. Parara tudo. Parara a vida. As engrenagens da roda viva pararam degirar e ela foi esquecida pelo tempo, pela vida, pela morte. E um dia esperava morrer, esperava, enfim, viver esperava. Esperava. Esperava. Esparava o mundo voltara para ela os olhos, voltar-se para ela com compaixão e lhe ver. Esperava seu amor, esperava um filho, esparava alguém.
E esperarm cansa, e o texto cansa, e os contos cansam, e ela se cansou. De tudo e de todos. De nada. De casa. Da vida
E a morte veio e ela se foi, e o conto acabou e nada ficou.


Seja o que for

"Onde queres o ato, eu sou o espírito e onde queres ternura, eu sou tesão. Onde queres o livre, decassílabo e onde buscas o anjo, sou mulher. Onde queres prazer, sou o que dói e onde queres tortura, mansidão. Onde queres um lar, revolução e onde queres bandido, sou herói" Caetano

O blog

Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".

Arquivo

Janeiro 2010; Fevereiro 2010; Março 2010; Abril 2010; Maio 2010; Junho 2010; Julho 2010; Agosto 2010; Setembro 2010; Outubro 2010; Dezembro 2010; Março 2011; Abril 2011; Maio 2011; Junho 2011; Julho 2011; Agosto 2011; Outubro 2011; Novembro 2011; Março 2012; Maio 2012; Agosto 2012; Outubro 2012; Dezembro 2012; Abril 2013; Maio 2013;

Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."