A fumaça do cigarro
terça-feira, 24 de março de 2009 |
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Os dedos manchados pela nicotina, os olhos vagos, entre as mãos um cigarro, o copo já estava vazio. O vazio da mente imitava o copo e o sem-razão se seguia.
O clichê de escrever sobre amores continuava em sua mente, não só escrevê-los, mas de fato vivê-los. E amar desesperadamante. Como aconteceu.
As noite infinitas com seu rosto perto do dela, com suas mãos sobre as mãos dela, com olhos nos olhos, lábios nos lábios e eternas paixões. O amor vivido, vivído não ajudou em nada, ajudou-o a morrer lentamente, de infelicidade, morrer de amor. Aos poucos, assim como a areia se esvai. E assim ele foi indo. Se esvaindo.
E então mais uma tragada do cigarro, já não servia, mais um gole do conhaque, já na cabia. Seu peito e sua dor tomavam tudo. Tudo era eternamente doloroso como amar. E não-ser-amado era pior.
Deitou-se sob as estrelas que pareciam cair do céu, girar, pegar fogo e morrer. Deixou-se cair e deu uma tragada no cigarro. Viu a fumaça se esvair.
Se foi, se foi. A fumaça se foi.
E só restou ele, o copo, o cigarro.
E a dor.
Seja o que for
"Onde queres o ato, eu sou o espírito
e onde queres ternura, eu sou tesão.
Onde queres o livre, decassílabo
e onde buscas o anjo, sou mulher.
Onde queres prazer, sou o que dói
e onde queres tortura, mansidão.
Onde queres um lar, revolução
e onde queres bandido, sou herói"
Caetano
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Para Jéssica,
porque "o que obviamente não presta
sempre me interessou".
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Soneto de Fidelidade
"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."